julho 08, 2022

Retiro Morrer para Renascer, com Inês Gaya

Retiro Inês Gaya - Gaya Circle 2022

Olá, bem-vindos! Escrevi este artigo para partilhar a minha experiência como participante num retiro de 3 dias da Inês Gaya, cujo tema foi centrado no processo de morte e de renascimento, de cada vez que queremos largar algumas partes de nós, para abraçarmos o novo, novas versões de nós mesmos. 
Basicamente, a Morte e o Renascimento significam aqui um Processo de Transição Interior e eventualmente de Mudança de Vida.

Este retiro aconteceu na maravilhosa Quinta Carvalhas e foi exclusivo para alunos do Gaya Circle - Facilitadores do Despertar, uma formação que tenho estado a fazer para me ajudar a organizar, conduzir e facilitar retiros e círculos de partilha e de cura em grupo.
Este retiro aconteceu no quarto mês da nossa formação de Facilitadores do Despertar e foi um culminar de toda a transformação que temos vindo a fazer ao longo destes meses.


Círculos do Despertar

Se quiseres saber mais sobre esta formação, recomendo-te leres o artigo Raquel Círculos do Despertar e se te quiseres inscrever num próximo círculo que eu organize, por favor preenche os teus dados no Formulário de Inscrição para Círculo do Despertar.



Neste artigo vou partilhar:

  1. O Tema do Retiro: Morrer para Renascer
  2. A Viagem e os meus Insights
    - O que aprendi com esta experiência
    - Então o que preciso de deixar morrer e de libertar?
    - É fácil acusar um projeto ou uma pessoa da nossa "morte"
    - A morte não é necessariamente um lugar de medo e de dor
    - Precisamos de nos render para crescer
  3. Conclusão e Agradecimentos


1. O Tema do Retiro: Morrer para Renascer

Só quando chegámos ao retiro é que ficámos a saber que o tema era sobre a Morte e Renascimento, e não podia ser mais ajustado à realidade de transformação que temos vindo a fazer. Era mesmo necessário largar algumas partes de nós, para acolhermos a mudança e novas versões de nós mesmos. E não podia estar mais alinhado com o tema que mais me apaixona na vida: a Transição Interior, a Mudança de Vida.


O Método Gaya

O Método da Inês Gaya utiliza como base a premissa de que "só conseguimos levar alguém aonde nós próprios já fomos". Ou seja, podemos ter muito conhecimento sobre um tema, mas só conseguimos converter esse conhecimento em sabedoria quando realmente experimentamos e vivenciamos na nossa pele o processo de transformação inerente.

Por esta razão, é um método onde, antes de tudo, somos convidados a viver uma intensa jornada de transformação pessoal, e é com base nessa vivência que poderemos vir acompanhar e facilitar a jornada de transformação de outras pessoas.

Este método utiliza muito os rituais, com mensagens fortes e impactantes que falam diretamente ao nosso coração, ao invés de analisarmos e de racionalizarmos o nosso processo de mudança interior. Não descurando essa parte mais analítica, que é importante, tenho percebido que por mais que entendamos a razão que nos leva a ter determinados pensamentos e comportamentos, se o nosso coração e as nossas emoções não estiverem alinhadas nesse mesmo sentido, não vamos conseguir uma mudança efetiva na nossa vida.

Este retiro focou-se exatamente neste processo de morte de nós mesmos, para o renascimento de uma nova versão de nós, utilizando experiências muito variadas, desde rituais, música, expressão corporal, trabalho de respiração, constelações, meditações guiadas, momentos de partilha, entre outras.



2. A (minha) Viagem e os meus Insights


O que aprendi com esta experiência

Antes de tudo, gostava de deixar aqui claro que toda esta partilha vem do meu próprio olhar e experiência neste retiro, que será necessariamente diferente de qualquer outra pessoa que tenha participado na mesma experiência.
Convido-te assim, a entrares pela porta do meu olhar e a veres o mundo à minha maneira 👀💞


Honrar os nossos antepassados

Como não há nova versão de nós mesmos sem olhar e honrar a nossa versão anterior e os nossos antepassados, começámos por trazer ao círculo a presença dos nossos pais, dos nossos avós e bisavós, que de alguma forma estão muito presentes na vida que temos hoje. Pelas suas histórias, projetos sonhados e interrompidos, que nos trazem tantos padrões que adotamos como nossos, quando na verdade foram-nos apenas passados. Cada um de nós tem o poder de escolher, conscientemente, o que quer e não quer levar consigo para o seu caminho. Como peregrina, trago muitas vezes a analogia da minha experiência de fazer os Caminhos de Santiago. É uma revisão "da nossa mochila" que podemos fazer de tempos em tempos, tal como quando fazemos uma arrumação geral da nossa casa de vez em quando.
Fizemos um ritual de perdão aos nossos antepassados, onde de alguma forma me consegui conectar com a minha mãe, que faleceu há 8 anos, e fazer de novo uma despedida amorosa.


Honrar o masculino e o feminino

Neste processo de perdão incluímos também um ritual de perdão ao masculino e feminino. 
Nunca fui muito ligada às causas da igualdade de género e sempre achei a minha família muito emancipada, não sentindo muito na pele essas desigualdades. Mas agora enquanto adulta tenho uma visão diferente. Às vezes são questões tão subtis que nos foram passadas, que nem damos conta.

É difícil resistir a essa arrogância que nós, mulheres, muitas vezes temos para com os homens. Uma reação que veio, claro, pela repressão que sofremos nas gerações passadas, e que agora queremos mostrar que somos fortes e que não precisamos deles para nada.
Lembro-me que durante vários anos, o meu desporto favorito era ganhar corridas de karts aos homens. Quando eu tirava o capacete e viam que tinha sido uma mulher a ganhar a corrida, eu ficava cá com um ego inchado! Até que houve um dia que um homem me venceu: o Daniel, hoje meu companheiro de vida 😄💖

Eles também trazem muita carga em cima, de uma figura que tem que revelar poder e força quanto baste, sem ser em demasia, senão rapidamente passam por "broncos machistas". "Homem não chora", "Homem não pode mostrar as suas fragilidades, senão não é homem"...
Compreender a necessidade de empoderamento das mulheres de hoje, é compreender a necessidade de vulnerabilidade dos homens.

Muitas feridas e mal entendidos se vêem nas relações de hoje, que vêm de tantas crenças que temos! Que não são nossas... E que representam os desequilíbrios que vivemos dentro de nós mesmos, entre a vontade de dar e o merecimento de receber, entre a vontade de conduzir e controlar e a maravilha que é entregar-me e vulnerabilizar-me!...
Dentro de cada um de nós existe um homem e uma mulher, que esperam ser vistos, respeitados e amados por nós mesmos. 

Confesso que nunca me dediquei muito a este tema, mas acho-o fascinante e por isso ainda este mês vou participar num retiro só dedicado ao tema do Sagrado Masculino e Feminino.


Honrar o dar e o receber

Durante os exercícios notei em mim dificuldade em receber. Um desconforto. Para mim é muito mais natural e confortável dar e fazer acontecer. Como eu costumo dizer, "se ficar a dormir não acontece nada".
Isto é bonito de se dizer, fica bem, mas é apenas para fora. Cá dentro gostaria bem mais de estar num lugar em que aceito que posso receber, que mereço esse carinho e esse cuidado e desfrutar, sem culpa e sem comparações. Às vezes isso é possível, outras vezes não. A seu tempo, no caminho para esse equilíbrio...

Vi neste exercício como equilibrar estas energias do masculino e do feminino pode ser tão importante dentro de cada um de nós.


Então o que preciso de deixar morrer e de libertar?

Num primeiro momento do nosso processo de morte, foi-nos questionado o que é que cada um de nós precisava de libertar e eu senti que é uma parte da vida que construí nos últimos 8 anos. Uma vida que construí com muita liberdade, muito amor e em consciência, que me fez muito sentido durante vários anos, mas que agora precisa de ser transformada em algo diferente. Abre-se uma nova fase de exploração e uma vontade de experimentar novas versões de mim.

E estou feliz por poder partilhá-las contigo, por te levar comigo neste meu voo de transformação!
Começando por anunciar o meu novo projeto: Círculos do Despertar, que consiste em facilitar o processo de despertar e de transformação de outras pessoas.
Foi escrito depois de terminado este retiro, num verdadeiro acto de renascimento 💖


É fácil acusar um projeto ou uma pessoa dessa nossa "morte"

Dei conta que nestes períodos de mudança interior é muito fácil acusar um projeto ou uma pessoa dessa nossa "morte". É o trabalho que já não nos motiva, é a relação amorosa, é o projeto onde estamos envolvidos, ... E pensamos que se sairmos desse trabalho, dessa relação, desse projeto, ou que se nos sair o Euromilhões vamos ficar com os nossos problemas resolvidos.
Mas essa parte terrena é apenas uma cara, uma representação material que nos liga àquela experiência. Na verdade, o que queremos mudar é a nossa presença nesses contextos. É a forma como estamos e como lidamos connosco e com os outros. Queremos uma nova versão de nós, e é bem difícil fazê-lo, porque a dinâmica tem uma força tal, que já se faz automaticamente sozinha, e se queremos fazer diferente, sabemos que vai ser um caminho exigente e que vai ser para toda a vida. Mas que vai ser altamente compensador e único, porque é o caminho da nossa verdade!


A morte não é necessariamente um lugar de medo e de dor

Neste retiro pude lembrar-me que a morte e os períodos de transição de vida não têm que ser vividos com sofrimento. A minha mãe tinha-me ensinado isso quando teve uma experiência de quase morte, em que sentiu uma paz imensa. O pior, disse-me ela na altura, foi o regressar à vida, com as dores no corpo que tinha.

Os nossos processos de transição de vida poderiam ser muito mais prazerosos se nos víssemos merecedores da nossa própria evolução, se pacificamente aceitássemos o medo que todos sentimos do que podemos perder quando damos um salto e arriscamos no escuro. Na verdade, só morre em nós aquilo que já não nos faz falta. E do outro lado desse salto só conseguimos encontrar aquilo que verdadeiramente somos, a nossa Essência, o Amor.

Por experiência própria deste processo de transição de vida, posso dizer-vos que depois desse salto vem um sentimento de alívio, de paz e de completude. Eu sinto-me feliz e completa só pelo facto de existir, sem fazer mais nada. Estar comigo é suficiente e nada mais importa. 

E chorei, chorei muito ao reconhecer esta sensação de completude em mim, porque passo a maior parte do tempo a querer ser mais, a ter que fazer muito para me sentir produtiva, com valor, para ser amada e reconhecida. Para existir...
E de repente, puf! Está tudo cá dentro de nós! Nós somos e temos tudo o que precisamos e esquecemo-nos tantas e tantas vezes disso...

E é nesse preciso momento que a pequena borboleta solta as suas amarras e está pronta para sair do seu casulo e voar! 🦋

Tudo se trata de fé, de confiar na vida, de confiar que a vida é amor, mesmo quando sofremos. Porque a dor traz evolução, traz luz, traz novas versões de nós, traz coisas que nunca imaginávamos vir a viver e sentir. A dor pode trazer realmente magia na nossa vida, se nos permitirmos viver a experiência com o nosso coração aberto.
Há uma frase da Maria Gorjão Henriques que gosto muito: "a dor é inerente à nossa condição humana, todos sentimos dor, mas convertê-la em sofrimento é uma escolha nossa". E eu acrescentaria aqui a frase da Inês Gaya: "transformar a dor em dom". 
Então esta é a nossa escolha, todos os dias, de transformar a dor em sabedoria e em dom.

Escrevo isto, para que me possa também lembrar nos momentos em que me esqueço e me deixo levar pelo sofrimento.

Ter dor é estar vivo e uma vida em que nos sentimos vivos é uma vida com uma paleta completa, com todas as cores. É uma vida rica!



Precisamos de nos render para crescer

O nosso lado masculino está exacerbado, é preciso dar espaço à doçura e à vulnerabilidade.

Apesar de neste texto estar a expor alguma da minha vulnerabilidade, eu cresci também num espaço onde mostrar a minha vulnerabilidade era perigoso, era um sinal de "presa à vista".

Muitas vezes fui gozada, passada por cima, por ter exposto a minha vulnerabilidade. E ainda hoje isso continua a acontecer de vez em quando. A questão é que eu, ao vulnerabilizar-me, estou a permitir-me crescer, e são mais as pessoas que se juntam a mim a vulnerabilizarem-se do que as que se juntam para ridicularizar. Porque eu acredito que a vulnerabilidade, quando vem de um lugar centrado e consciente, baixa as armas. As nossas e as de quem está à nossa volta. E muda o mundo!

Precisamos de nos render para crescer. Render ao que pensamos que a nossa vida e a vida dos outros deveria ser. Não sabemos tudo e não faz mal. É o que não sabemos que nos permite evoluir e sermos melhores. Desfruta desta experiência de aprendizagem, deste não saber, desta curiosidade da vida! Se nos permitirmos, a vida surpreende-nos!

E se estás ainda a ler este texto é porque te identificas, é porque há algo em ti que também se quer vulnerabilizar e sair cá para fora. Não há processo de cura, de libertação sem essa vulnerabilização. É isso o que nos faz crescer e evoluir para outros patamares. É o teu momento de te renderes!
Escreve uma mensagem a quem / ao que te precisas de render e/ou perdoar. Entrega-a a essa pessoa, ou simplesmente guarda-a para ti e queima-a uns dias depois como sinal de transmutação. Este é um pequeno exemplo do poder dos rituais.



3. Conclusão e Agradecimentos


Largar a imagem de guerreira

Senti que uma parte de mim que precisava de largar era a imagem da guerreira, forte, controladora, que gere tudo à minha volta, que faz mexer e acontecer, que aos olhos de muitos parece ter um construído um modelo ideal de vida, mas que na realidade não é, nem pretende ser perfeita. 

Desejo que este texto que escrevo reflita esta permissão de estar num olhar curioso sobre a vida, de estar aberta a uma nova versão de mim, num lugar de curiosidade, libertação e de aceitação do que vier.

Agradecimentos

Como diz o meu amigo Victor Valdemar, que facilita círculos de homens, "este é apenas o início de uma viagem, onde nos iremos cruzar muitas vezes, neste trabalho de espalhar pó de estrelas, brilhos de fadas ou simplesmente agitar e espicaçar consciências adormecidas".
Ou como diz o Pedro Rodrigues, que de forma muito doce cofacilitou esta viagem com a Inês, "gratidão a todos os que formaram este circulo lindo, que transformaram dor em amor, tristeza em alegria, máscaras em verdade, medos em coragem de ser, e por estes dias se permitiram ser em essência."

Sabe bem estar neste processo de autodescoberta convosco, em comunidade. Grata a todos os que participaram nesta intensa jornada e em especial à Inês Gaya e ao Pedro Rodrigues, que conduziram esta grande viagem com muito amor, ajudando a transformar cada lágrima em cura.
Grata ainda ao Pedro pelo registo fotográfico. Todas as fotografias deste artigo foram facultadas por ele 🙏

Grata a ti, por leres as minhas epifanias e grata a mim por tê-las escrito. São, antes de tudo, um exercício de integração e de inspiração para mim 🙏



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Beijinhos e abraços!

Encontramo-nos na próxima história de desenvolvimento pessoal 😉

Raquel
Digital Nomad, Blogger, Traveller, House & Pet Sitter

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