agosto 21, 2021

O meu Caminho a Santiago de Compostela

Passados 7 ou 8 anos venho fazer novamente o Caminho de Santiago a pé 🚶 

Da outra vez fiz o Caminho Inglês com um grupo de voluntariado. Este ano faço o Caminho Português da Costa, com mais 3 amigos.

A rota tem 271 km, desde o Porto até Santiago de Compostela, dividido em 13 etapas, mas eu comecei em Marinhas (Esposende), porque tomei a segunda vacina do covid e fiz febre. Tive que entrar para a caminhada 2 dias mais tarde. Assim sendo, o meu objetivo foi fazer 210km em 8 dias, o que dá uma média de 26km por dia, fora os desvios... 


Neste artigo vou partilhar:

  • A rota que fizemos
  • Links úteis para a preparação do Caminho de Santiago
  • A minha check-list: O que levar na mochila
  • Partilha em formato de vídeo: para se quiseres ver algumas imagens e se quiseres saber um pouco mais sobre os Caminhos de Santiago e sobre como te podes preparar para este desafio.
  • A minha reflexão depois de chegar a casa
  • O meu diário de bordo, com os vários pensamentos que me foram ocorrendo dia-a-dia
  • Agradecimentos e convite

A nossa rota

Dia 1 - Marinhas a Viana do Castelo (21,123km)

Dia 2 - Viana do Castelo a Caminha (30,543km)

Dia 3 - Caminha a Porto de Mougás (27,9km)

Dia 4 - Porto de Mougás a Baiona (17,97km)

Dia 5 - Vigo a Arcade (27,77km)

Dia 6 - Arcade a Tivo (38,08km)

Dia 7 - Tivo a Padrón (21,6km)

Dia 8 - Padrón a Santiago de Compostela (25km)



Links úteis para a preparação

https://www.caminodesantiago.gal/pt/inicio

https://www.gronze.com/

Camino Ninja app

Onde comprar credencial do peregrino

Cartão europeu de seguro de doença

Se estiveres à procura de inspiração, recomendo o livro da minha querida amiga Luísa: Um Caminho para Todos - Diário de uma Peregrina no Caminho de Santiago


A minha check-list: O que levar na mochila

Partilho a lista de coisas que normalmente levo para o Caminho de Santiago:

- Mochila de 40 litros, com capa impermeável

- 2 t-shirts compridas, fáceis de lavar à mão e rápidas de secar ao ar

- roupa interior: cuecas, soutien, etc (de preferência sem costuras)

- meias coolmax (25€ 2 pares na Decathlon) - trocar de meias 2 em 2 horas, se for preciso

- calças de caminhada e umas calças largas limpas para depois de tomar banho

- 1 t-shirt de manga comprida para dormir

- 1 camisola

- 1 casaco impermeável, corta-vento e com carapuço

- chapéu com abas para proteger também a cara

- botas ou sapatilhas de trekking, chinelos de banho e para sair ao final do dia

- saco-cama e/ou lençol saco-cama ou lençol de capa edredom (normalmente os albergues têm cobertor)

- toalha de banho micro fibra

- necessaire: escova e pasta dos dentes, pente para cabelo, desodorizante, sabonete, champô em doseador pequeno de viagem, creme para cara e pés

- lenços de papel ou toalhetes

- protetor solar em doseador pequeno de viagem

- sabão da roupa, 4 molas (para prender por fora na mochila e fazer de estendal 😊)

- material covid: 2 máscaras laváveis, gel desinfetante, testes auto-diagnóstico covid

- medicamentos: pomada anti-inflamatória, 1 benuron, 1 brufen, bépanthene, vaselina para pôr à noite nos pés, pó de talco para pôr de manhã. Para as bolhas nos pés: Epitact (almofadas) com gaze, ou os pensos para bolhas da compeed, tesoura

- documentos: cartão do cidadão, cartao europeu seguro de doença, credencial do peregrino, dinheiro

- cadeado para os cacifos

- oculos de sol sem caixa

- 2 sacos de plástico com e sem asas (para a roupa suja, lixo, compras, etc)

- telemóvel, auriculares, carregador, powerbank

- 3 talheres de sobremesa (colher, faca e garfo)

- frutos secos, bolachas, água

- vieira

NOTA IMPORTANTE: Coloco tudo na mochila em vários sacos de plástico. Caso chova a roupa já não se molha. 


Partilha em formato de vídeo

Se quiseres assistir todos os vídeos que fiz sobre os Caminhos de Santiago, acede à minha Playlist Caminhos de Santiago.






A minha reflexão após chegar a casa

Há dias estávamos a comentar que fazer o Caminho de Santiago sem mochilas é muito mais fácil. São menos 7kg ou 10kg em cima do corpo, que fazem muita diferença. E eu pus-me a pensar como todo o Caminho e as dificuldades que nos aparecem são mesmo idênticas às da nossa vida.

Há pessoas que carregam fardos enormes, outras nem tanto. Parece que para umas pessoas é muito fácil conseguir determinadas coisas. Outras têm que fazer tanto esforço para lá chegarem e, ainda assim, não é suficiente para alcançarem. Pensamos que a vida é injusta, porque não começamos pelos mesmos pontos de partida, com as mesmas condições.

É verdade, mas uma grande parte do peso que levamos na nossa "mochila" é aquilo que escolhemos carregar, mesmo que de forma inconsciente. Se eu sou uma pessoa com muitos receios e preocupada com o futuro, vou tender a levar muita coisa na minha mochila, porque acho que posso vir a precisar. Se sou mais relaxada e mais desprendida, vou com muito menos coisas.

Se eu acho que não sou boa o suficiente e que não vou conseguir, vou carregar um peso extra.

Todo esse peso que carrego vai, inevitavelmente, influenciar o meu Caminho.

Enquanto esperei 2h30 pelo certificado de Compostela percebi que o único "canudo" que nos serve na vida é mesmo o da aprendizagem que fazemos pelo Caminho. E esse é do tamanho daquilo que estamos dispostos a dar de nós ao Caminho, seja ele de 20km, 200km ou de 2000km.

A aprendizagem não é do tamanho do que conseguimos fazer, de todo! Tem muito mais a ver com a forma como o fazemos do que aquilo que fazemos. 

Só quando percebermos isso é que vamos perceber que aquilo que ganhamos não foram 200km de desgaste nas solas dos nossos sapatos, mas sim o que nos disponibilizamos vir aprender com esta experiência.

Isto é o que faz sermos únicos e essa aprendizagem jamais nos pode ser roubada, copiada, ou alcançada pelos mesmos quilómetros de Caminho.

Cada Caminho é único 🌸

#caminhoportugues #caminhodesantiago #caminhoportuguesdacosta #caminhodesantiagodecompostela #viagenscomproposito #viagemcomproposito #desenvolvimentopessoal




Diário de bordo:

Dia 1 - Marinhas a Viana do Castelo (21,123km)

Bem, 26km a pé até se faz mais ou menos bem, mas a carregar 10kg de mochila é obra! Nunca aprendo 🤦 Trouxe muito mais do que precisava, mas no final do primeiro dia libertei perto de 3kg de coisas! Prefiro que eventualmente faça falta do que carregar tudo para uma eventualidade...


Dia 2 - Viana do Castelo a Caminha (30,543km)

Como sempre, no início a folia era imensa! Parecíamos novamente adolescentes a dormirmos no albergue. Na primeira noite tivemos que pôr uma meditação, porque ninguém dormia. Eram piadas e mais piadas, risota pegada e o sono não chegava. 

Dois dias de caminhada depois, cremes anti-inflamatórios e umas bolhitas, a malta já se deita e aterra, desde que as dores o permitam 😬

E quando comemos? Sabe tão bem! E a água a bater no corpo no duche, no final do dia? Que maravilha! 

E pôr os pés nuns chinelos? Ei, isso é que é como andar nas nuvens!

Não há nada como passar mal, para valorizar o pouco que se tem... 😊



Dia 3 - Caminha a Porto de Mougás (27,9km)

É o meu 3°dia (4° e 5° dia para os meus companheiros) e o ponto de viragem. Ou vai ou racha.

O Caminho é mesmo um retrato da vida. Passamos por muita alegria, música, gargalhadas de acordar o pessoal nas casas, mas também desespero, choro, sensação de chegarmos ao nosso limite. E é aí, precisamente aí que acontece a magia (ou então que fazemos uma mazela a sério 🤕😉). É mesmo assim, temos que confiar no nosso corpo, que é sábio, e saber quando é o momento de parar.

Uns vão, outros vêem. O que é certo é que nada é certo. Hoje caminhamos com alguém. Amanhã podemos já não estar a caminhar com aquela pessoa. Ou podemos já nem conseguir caminhar. É isso, não controlamos. O caminho é duro. Ensina-nos que não temos quereres e que o melhor é mesmo aceitarmos e aceitarmos com gratidão, para o nosso bem.

O caminho mostra-nos que temos que vergar, principalmente naqueles momentos em que nos apetece partir tudo à nossa frente. Principalmente nesses momentos.

Mostra-nos que hoje o nosso companheiro precisa de ajuda, amanhã somos nós e mostra-nos com muita convicção! Estamos no limite, num limite que desconhecíamos sobre nós próprios. E, sobretudo, um limite emocional, permanentemente. 

Que lição é este Caminho!

Estamos juntos, equipa maravilha 💪😊💗


Dia 4 - Porto de Mougás a Baiona (17,97km)

Dia das queixinhas 😁

O 4°dia foi o dia de tratar de nós e fazer uma "pausa". Uma pausa, ainda assim, de 18km de caminhada 😊

Tive uma bolha no pé esquerdo (dou graças por ter só uma! Da outra vez fiz 5 bolhas ao final de 3 dias de Caminho de Santiago!), tenho os dedos mindinhos pisados e uma dor no tendão do pé direito ao caminhar (provavelmente do esforço para compensar o impacto na bolha do pé esquerdo). 

A dor é suportável, mas passei pelo centro de saúde só para saber se poderia estar a fazer algum dano mais permanente ao continuar. Como para já não é grave, vou continuar. Ponho vaselina (para evitar bolhas) e creme anti-inflamatório 2x ao dia e tem funcionado.

No Caminho vivemos mesmo um dia de cada vez.

Então o 4°dia, que era um dia de aproximadamente 40km de caminhada, porque os alojamentos estão cheios e só encontramos dormida mesmo em Vigo, optamos por fazer o Caminho a pé até Baiona e de lá apanhar um bus até Vigo.

Pensamos várias vezes no que fazer. Para nós era importante fazer o caminho todo a pé, mas estaríamos a fazer numa só etapa aquilo que é recomendado fazer em duas etapas e, dadas as circunstâncias, tivemos receio que se o fizessemos nestas condições que fosse o nosso último dia de Caminho e viessemos recambiados para casa 🤕

Por isso fizemos uma parte a pé e a outra de autocarro, para no dia seguinte estarmos aí on fire para continuar o Caminho e com o pé mais restabelecido.

Dica para quem quiser fazer o Caminho é não marcar as dormidas previamente e ir marcando à medida que se vai avançando no Caminho. 

Caso se vá fazer em Agosto, e especialmente se a rota for numa zona turística e de costa, como é o caso, pode-se correr o risco de não haver lugar para dormir (especialmente agora que os albergues só podem funcionar com 1/3 da capacidade por causa do covid). Nesse caso pode ser bom reservar as noites previamente, mas no planeamento eu diria que é preciso ter em conta que mais do que 20-25km por dia a pé com as mochilas é bastante puxado para quem não está habituado e que é importante haver alguns dias pelo meio em que se caminha menos, para o corpo se restabelecer.

A ideia não é vir dar um passeio como se fosse ali ao cinema, mas também não é matarmo-nos no caminho ou fazermos lesões que nos tragam repercussões no futuro. O ideal é que o façamos com esforço, mas também com saúde, desfrutando das paisagens e das pessoas especiais que vamos encontrando pelo Caminho.

Seguimos juntos! 😊🚶🙏




Dia 5 - Vigo a Arcade (27,77km)

Acordei a sentir o corpo a pedir para caminhar (os pés é que não, coitados! 😂)

E pensei, ei pá, já fiz metade do Caminho! E começo, animada, em contagem decrescente ☺️

O Caminho de Vigo a Arcade tem algumas subidas e descidas, mas passa muito tempo por uma floresta, com muita sombra e o piso bom para caminhar. Foi um dia fácil.

O corpo também começa a habituar-se ao ritmo e já pede para saltar da cama de madrugada e meter-se à estrada. Só os pés é que ainda não se adaptaram e ainda dão que fazer. 

Já so faltam 80km para chegarmos a Santiago de Compostela e começo a acreditar que vamos mesmo chegar ao destino a pé 💪😁

Seguimos juntos! 😊🚶


Dia 6 - Arcade a Tivo (38,08km)

Total percorrido🚶163,38km

Minha Nossa, o meu record a caminhar: 38km 😳

Acho que nunca caminhei tanto quanto ontem! Cheguei ao albergue e pedi uma bacia com água e sal e fui para a cama.

Chegamos a Pontevedra às 11h, com menos de 15km feitos, e depois disso não íamos ter restaurante tão cedo. Era domingo e praticamente tudo fechado. Perguntamos na rua e diziam que só abriam às 12h. Fomos caminhando até ao fim da cidade e ainda não era meio dia. Perguntamos a um senhor na rua que nos falou de um restaurante perto que estaria aberto. Fomos lá e os almoços só eram servidos a partir das 13h. Pensamos em vir embora, porque ainda nos faltavam 25km de caminhada. Nisto a senhora disse para nos sentarmos que ela ia ver o que podia fazer. Serviu-nos umas brutas doses de comida às 12h. Como era muito, guardamos parte para o jantar 🙂

Na rua as pessoas sorriem-nos e cumprimentam-nos, oferecem-nos ajuda se nos sentamos na rua a olhar para os nossos pés. 

Somos olhados com carinho e isso sabe mesmo bem, especialmente quando nos sentimos exaustos.

Estas são as maravilhas da vulnerabilidade. 

Cada vez mais me convenço de que o ser humano naturalmente gosta de ajudar e de cuidar. Quando isso não acontece algo está fora do alinhamento natural.

Quando saímos fora da nossa zona de conforto imaginamos mil e uma coisas más que nos podem acontecer, mas não imaginamos as mil e uma coisas boas que nos podem acontecer e que realmente acontecem muito mais facilmente do que as más. É impressionante! Há muitas mais pessoas prontas a ajudarem-nos do que pessoas a aproveitarem-se de nós, seja lá da forma que for. E quanto mais vulneráveis estamos, mais nos surpreendemos.

Lembro-me na Colômbia e na Costa Rica de ter sido ajudada por outras mulheres e familiares das mulheres, porque me viam a viajar sozinha de mochila às costas. Uma ofereceu-me boleia e dormida, depois de uma conversa num voo interno, outra fez questão que o irmão fosse 3km a pé comigo até ao meu albergue para eu não correr o risco de ser assaltada em San Jose, capital da Costa Rica. 

Pessoas que não esqueço, apesar de não saber o nome delas nem fazer ideia quem elas são. 

Sinto sempre que não há forma adequada para retribuir tudo o que nos oferecem quando estamos em viagem. Recebo muitíssimo mais do que consigo dar. A única retribuição é fazendo o mesmo a alguém que precise.

E é assim que alimentamos esta cadeia 🥰

Faltam agora menos de 50km para chegarmos a Santiago!

Seguimos juntos! 😊🚶



Dia 7 - Tivo a Padrón (21,6km)

Total percorrido: 184,98km

Acordei com aquele sentimento quando estamos prestes a ir de férias, após um último e difícil exame da faculdade. Já estamos muito perto de Santiago e sinto um misto de sentimento de realização com um sentimento de cansaço e alguma tristeza. Basicamente não consigo dar saltos de alegria, porque doem-me os pés como o raio... 😛 Emocionalmente sinto-me cansada também. Há muita coisa nova a estimular-nos todos os dias, novas pessoas que encontramos pelo caminho, novas dores, novos músculos que descobrimos ter no corpo, novos desafios, pensamentos. Há um permanente check ao nosso corpo e à nossa mente. Cada dia há emoções diferentes para acolher. 

O 7° dia foi tranquilo, com pouco mais de 20km de caminhada. Estava com muito pouca energia, cansada do dia anterior, em que fizemos quase 40km de caminhada. Foi o dia da ressaca.

De manhã voltamos a encontrar um grupo de portugueses e alemães que tínhamos conhecido no dia anterior e, ao final do dia, voltamos a encontra-los no nosso albergue. Aproveitamos e juntamos a roupa de todos e pusemos a lavar na máquina. Assim já não tivemos que lavar a roupa à mão 😊

Como a mochila pesa nas costas, só trago 2 roupas, a que tenho vestida no corpo e outra suplente para quando tomo banho. Todos os dias lavo a roupa que usei naquele dia.

Faltam agora 25km para chegarmos a Santiago! Nem posso acreditar que estamos tão perto! Já nada nos pára 💪😁

Seguimos juntos! 😊🚶


Dia 8 - Padrón a Santiago de Compostela (25km)

Total percorrido🚶210km

Chegamos a Santiago!!! 💪😁

Fizemos 25km seguidos de manhã e viemos almoçar já a Santiago. Isto é que foi uma maratona! Nunca tinha feito tantos quilómetros a pé em tão pouco tempo!

Como se não bastasse, à tarde fizemos mais 10km a passear em Santiago de Compostela 🚶

À chegada sentamo-nos no chão da praça da Catedral. Vimos as pessoas a chegarem, num ambiente de festa, palmas, muita alegria, gargalhadas, muitas fotografias.

Vimos turistas, peregrinos a pé, de bicicleta. Alguns a dormirem no chão. Estávamos exautos e a minha maior preocupação era se alguém me pisava os pés sem querer... 😬




Agradecimentos

Grata a todos os órgãos e músculos do meu corpo que permitiram fazer esta jornada de 210km em 8 dias!

Grata ao nosso companheirismo ao longo do caminho e virtualmente nas redes sociais, que nos dá força em momentos de crise! Houve dias em que acordei com menos motivação, mas ao ler os vossos comentários senti que não éramos só nós a fazer este Caminho, mas que éramos muitos mais 🥰🙏

Grata à minha teimosia, mania que sou forte e durona e que faço tudo 😁 Sem ela faria bem menos coisas e perderia um pouco da magia que acontece quando me desafio. Por outro lado, ganharia outras coisas... 🤔 mas deixa lá isso agora... 😅

Estou com vontade de repetir a proeza (numa pedalada bem mais lenta e talvez outra rota) na segunda quinzena de Setembro. Alguém alinha? 😁

Arranjávamos aí um grupo maravilha 💪😁

Grata aos que nos acompanharam nesta jornada e nos encorajaram 🙏

Seguimos juntos para novos desafios! 😊🚶


Beijinhos e abraços e sejam felizes!

Encontramo-nos na próxima história de desenvolvimento pessoal 😉

Raquel

Digital Nomad, Blogger, Traveller, House & Pet Sitter

Overtrail.com

agosto 07, 2021

Vivem e trabalham numa autocaravana, aparecemos no Jornal Público!

Saiu hoje uma reportagem no Jornal Público sobre nós, que pode ser vista online em Respiram, vivem e trabalham numa autocaravana.


Beijinhos e abraços e sejam felizes!

Encontramo-nos na próxima história de desenvolvimento pessoal!

Raquel

Digital Nomad, Blogger, Traveller, House & Pet Sitter

Overtrail.com

agosto 02, 2021

Se me arrependo da escolha que fiz?

Fez há dias 2 anos e meio que iniciámos a nossa jornada na autocaravana e recebi uma mensagem duma amiga, que pensa vir fazer o mesmo, que me pergunta como fiz para escolher a minha, por quanto tempo penso continuar e se nalgum momento me arrependo de ter escolhido viver assim.

Achei que seria interessante partilhar, porque há muita gente a questionar isto...


Como fiz para escolher a minha autocaravana?

Em relação à primeira questão, falei com muitas pessoas que tinham autocaravana e vi muitos vídeos. Grupos de facebook de autocaravanistas também é bom aderir, porque há muita troca de experiências.


Por quanto tempo penso continuar? Há algum arrependimento?

Em relação à segunda questão, não faço ideia de quanto tempo irei continuar a viver na autocaravana... Não me vejo a viver para sempre assim, mas enquanto estiver a desfrutar vou continuar.

Estas questões fizeram-me pensar. Parece que somos tentados a achar que a quantidade de tempo das nossas opções valida mais ou menos as nossas decisões... Se a decisão fosse para sempre, ou então por um bom número de anos, então seria uma boa opção, caso contrário não. Será que é o medo da "despedida" que está aqui implícito? O medo de errar e de falhar, porque afinal não é para sempre? O medo de mudar?

Eu falo por mim, que demoro tanto tempo desde que percebo que preciso de mudar alguma coisa até que o faço, precisamente pelo medo de me desiludir e de falhar. Quero sempre certificar-me que é realmente por ali antes de fazer mudanças. E ainda bem, é sinal de que sou responsável e quero tomar decisões conscientes. Mas há aqui algures no meio um equilíbrio entre esse medo e a alegria de viver, de nos permitirmos experimentar pelo prazer de experimentar. Afinal a vida não é em si uma experiência?

Eu cá acho que, por diversas situações, nós mudamos de rumo quando aprendemos tudo o que tínhamos a aprender com aquela situação e, mudar, quando é feito de forma consciente, não é uma fragilidade. Traduz, muitas vezes, a sabedoria de alguém que procura continuamente crescer e aprender.

E aqui entra a terceira questão, a do arrependimento. 

Acho que se virmos a mudança a partir deste ponto de vista e desde que haja possibilidade de escolha, nunca há lugar ao arrependimento. E é nesse sentido, de mantermos a nossa liberdade de escolha, que devemos trabalhar sempre.

Há realmente decisões difíceis na vida e que temos que pesar muito bem, porque inevitavelmente ao abrir uma porta fechamos outras, mas viver numa autocaravana não é uma dessas escolhas difíceis sem retorno. Em qualquer altura podemos arrendar uma casa, se assim quisermos, ou podemos fazer house sittings de longa duração se quisermos poupar dinheiro. Claro que viver numa autocaravana é bem mais económico do que viver numa casa e, quando pensar nessa hipótese, vou ter que ponderar essa parte, mas hoje eu vivo com a consciência de que essa realidade muito naturalmente irá surgir e, portanto, preparo-me hoje para que possa ter a hipótese de escolher um dia que queira voltar a ter uma casa, com todos os custos que isso implica. Até lá, desfruto do que tenho hoje, preparando sempre o futuro de me apetecer uma coisa diferente amanhã 😉 Acho que só assim temos a liberdade de poder escolher onde e como queremos estar a cada momento...


Beijinhos e abraços e sejam felizes!

Encontramo-nos na próxima história de desenvolvimento pessoal!

Raquel

Digital Nomad, Blogger, Traveller, House & Pet Sitter

Overtrail.com

Raquel Ribeiro. Com tecnologia do Blogger.