fevereiro 18, 2017

Dar e Receber...?


Há dias surgiu uma discussão num grupo de amigos sobre o dar e receber, sobre agradecer por ter sido ajudado por alguém, ou por ter apoiado um livro, uma ação, etc. Uma discussão que já não tinha há anos… E pela primeira vez, falar disto causou-me tanta estranheza, que isso fez-me pensar um pouco sobre o que teria mudado em mim…

Após várias reflexões individuais e em conjunto com a minha querida companheira das reflexões Cristina Leite, cheguei à conclusão de que tive uma mudança de paradigma a este nível: do dar e receber.

Embora tenha feito sempre imenso voluntariado e esteja pronta para ir para casa de outras pessoas tratar dos animais delas, etc, eu não sinto a obrigação de dar e receber aos outros. O meu comprometimento é com algo muito maior do que as pessoas. O meu comprometimento é com aquilo que eu acredito. É comigo e com os meus ideais. Por isso, quando faço alguma coisa pelos outros é mesmo porque estou de corpo e alma a acreditar no projeto deles.

E quanto mais velha fico, menos “fretes” estou para fazer. Mas a verdade é que sinto que mais coisas faço em prol do mundo. Simplesmente porque o compromisso com o meu propósito torna-se cada vez mais nítido e forte, independentemente daquilo que possa vir a receber do outro lado.

A maior dádiva que recebo é da vida. É a da gratidão de fazer e apoiar aquilo que está certo <3

fevereiro 16, 2017

A minha experiência na Iniciativa de Transição de Linda-a-Velha

Após o Encontro Nacional de Transição em Lagos, segui rumo a Linda-a-Velha, para passar uma semana a conhecer a iniciativa de Transição desta localidade.

Esta iniciativa foi das pioneiras em Portugal. Nasceu em 2010, após uma reunião da iniciativa vizinha de Telheiras onde duas pessoas ficaram motivadas e colocaram mãos à obra para construir uma localidade mais justa e comunitária.

Esta iniciativa conseguiu gerar uma cooperação em rede, e criar:
  • Um Centro Comunitário, onde acontecem, a custo reduzido, aulas de dança, terapias, ensino doméstico, e outras atividades para a população de Linda-a-Velha. Neste momento, no centro já se vendem cabazes semanais de produtos hortícolas diretamente dos produtores da PROVE para mais de 100 famílias.
  • Educação Alternativa. A Florescer é um projeto de educação global que utiliza a natureza para proporcionar às crianças uma aprendizagem mais efetiva e holística.
  • Mais recentemente uma Quinta Pedagógica e Comunitária, onde a população de Linda-a-Velha poderá ter um canteiro individual e uma zona de horta comunitária, fazer eventos, ações de educação ambiental, etc.
  • Mercado Cultural e Social
  • Redes de cooperação com a Escola, com ações de sensibilização ambiental, introdução de novos paradigmas na educação e ainda a instalação de painéis solares numa das escolas, através da cooperativa Coopérnico.    
Ação de sensibilização da ClimAdaPT.Local

Este é um trabalho acima de tudo de confiança e proporcionar autonomia à comunidade. O trabalho com outras entidades, nomeadamente autarquias e junta de freguesia é imprescindível. 
O Mercado Cultural e Social assim como a Quinta Urbana e Pedagógica tornaram-se possíveis através do financiamento de orçamentos participativos.

O que esta experiência me trouxe?
Penso no quão importante foi esta semana em Linda-a-Velha para o meu percurso como pessoa e cidadã do mundo.
Identifico-me imenso com a forma de trabalho que pude observar desta iniciativa. Esta experiência abriu-me novas janelas em termos da forma como percebo os projetos e como quero vir a intervir na Transição. É, sem dúvida, um excelente exemplo a conhecer!

Tenho tido a ideia de participar num projeto deste género numa aldeia desertificada do país, mas ver isto a acontecer em grande escala numa cidade é deveras inspirador! E com um impacto brutal!

E aquilo que mais me fica desta experiência é a constatação de que tudo começa pelo ato mais simples de todos, que é começarmos a fazer pequenas coisas no nosso dia-a-dia, no sítio onde vivemos. Começa no nosso bairro, nas pessoas que encontramos todos os dias.

E é esta a diferença no mundo que também quero ser e fazer :)


Agradecimentos
Grata pela inspiração e amabilidade do Fernando Oliveira e família, que me acolheram como “vizinha” no seu espaço de vida e projeto.

fevereiro 15, 2017

Encontro Transição Portugal 2017


Fui ao meu primeiro Encontro Nacional do Movimento de Transição nos passados dias 27-29 de Janeiro de 2017, em Lagos!

Transição é um movimento que fazemos desde o atual sistema vigente para um novo sistema que idealizamos: uma sociedade pós-combustíveis fósseis, com economias mais localizadas e comunidades mais resilientes, que se baseiam nos valores como a paz, a solidariedade, os direitos humanos e o respeito pela biodiversidade.
Para saber mais sobre este movimento, clicar aqui

Este grupo de pessoas e iniciativas divide-se em várias áreas de trabalho e projetos, nomeadamente:
1 Ano em Transição
Transição Interior
Ligações Internacionais
Site/Comunicação
MEL - Contas, tesouraria
Formação

Deste encontro retirei algumas conclusões relativamente ao caminho que é necessário fazer, mais uma vez, é necessário gerar um processo de abertura e criar um paradigma eco-sistémico, onde se trabalhe mais em rede e se consiga fechar ciclos.
Trabalhar muito com as iniciativas e comunidades locais, identificar os agentes e redes de suporte, de forma a tornarem-se mais resilientes nos momentos de crise.
Mapear recursos e necessidades, criando redes e sinergias.

O meu contributo no movimento irá no sentido de fomentar estas ligações entre os diferentes níveis: local, nacional e internacional. 



COOPERAÇÃO! REDE!
Parece que este é o grande desafio da humanidade dos últimos tempos... Quando formos capazes de cooperar e trabalhar em rede, teremos avançado significativamente no nosso processo de evolução :)


Mais informações sobre este encontro, aqui.

Se alguém sentir o apelo para trabalhar nalguma das áreas de atuação, é muito bem-vindo ao movimento! Para saber mais de que forma se poderá envolver aqui :)

Podem ainda ter acesso ao boletim trimestral "Folha de Couve", com as notícias mais fresquinhas do movimento.

As iniciativas de transição que já existem podem ser vistas aqui.


fevereiro 10, 2017

Transição, o que é?


Fala-se tanto no movimento de transição e na mudança de paradigma e afinal a que nos referimos?

Temo-nos deparado com dificuldades de diversa ordem no sistema atual vigente e por isso surge uma crescente necessidade de examinar e reestruturar sistemas políticos, económicos, sociais e culturais, para nos alinharmos com as necessidades dos seres humanos e do planeta Terra como um sistema vivo.

Ao mesmo tempo que sentimos que a crise de valores se torna mais evidente, tem surgido uma comunidade crescente de pessoas que procura construir uma nova história, substituindo o medo pela confiança, a competição pela cooperação e partilha, a escassez pela abundância.

Transição é um movimento que fazemos desde o atual sistema vigente para um novo sistema que idealizamos: uma sociedade pós-combustíveis fósseis, com economias mais localizadas e comunidades mais resilientes, que se baseiam nos valores como a paz, a solidariedade, os direitos humanos e o respeito pela biodiversidade.

Para saber mais sobre o movimento de Transição, sua missão e iniciativas, recomendo o artigo do Nuno da Silva - O Movimento de Transição e Mudança de Paradigma, bem como o site da Rede de Transição Portugal e o site internacional Transition Network.

fevereiro 09, 2017

E tu, já encontraste a tua Tribo?

Lembro-me perfeitamente de, há uns anos, a minha amiga Helena Martins me ter perguntado se eu já tinha encontrado a minha "tribo". Andei às voltas com aquelas pergunta… Mas o que quereria dizer ela com “a minha tribo”?

Essa busca tem sido incansável. Por um lado, vamos adicionando cada vez mais experiências e sabedoria à nossa bagagem, o que nos vai tornando cada vez mais complexos e únicos. A princípio parece que esta descoberta de nós mesmos só nos está a atirar para um poço mais fundo e solitário. Sentimo-nos cada vez mais sozinhos e mais diferentes dos outros. Esta é a fase em que nos recolhemos, viramo-nos para dentro e tentamos perceber o que nos move. E numa sociedade que premeia as certezas e “obra feita”, às vezes é mesmo difícil ter este momento de paragem e reavaliação do nosso percurso. Mas, sem dúvida, é um momento necessário para uma jornada consciente…

Desde sempre senti que não pertencia aos lugares onde estava… Não me identificava com a forma como a maior parte das pessoas se divertia ou pensava. Agora percebo que o meu propósito não é pertencer a um lugar, mas sim estabelecer pontes.
E encontro a minha Tribo nesta ligação com pessoas que fazem este percurso interior, que procuram construir uma nova história, substituindo o medo pela confiança, a competição pela cooperação e partilha, a escassez pela abundância. Pessoas que procuram alinhar-se com as necessidades dos seres humanos e do planeta Terra como um sistema vivo. É nesta Transição que está a minha Tribo :)

O caminho é maravilhoso!
E quando damos conta, já não esperamos encontrar pessoas iguais a nós, mas que tenham o mesmo propósito, que nos desafiem e façam crescer. A nossa Tribo é aquela que nos provoca, que nos pica e a que nos abraça para não cairmos.
É comunidade, é família, é amor :)


Raquel Ribeiro. Com tecnologia do Blogger.